Que futuro?

Dias mais calmos e frescos se vivem em Feirão. Poucos são os que ainda estão em férias, não mais de 20 pessoas, creio eu. A vida corre calma, com os trabalhos de quem trabalha e o descanso de quem descansa. Já Cotelo está mais povoado, seja de residentes seja de quem está de férias. Olhando para alguns anos atrás, em que as pessoas vinham para cá do um ao trinta e um de Agosto, tudo agora é diferente, deixa a pensar e dá que falar, como a conversa que tive esta tarde no café de Cotelo com um senhor de Feirão: que não há futuro para estas terras. E dizia eu que, daqui a dez anos, Feirão está muito mais reduzido e talvez sejam menos de 50 pessoas. Os mais velhos vão envelhecendo e desaparecendo, os mais novos que vivem cá – que são poucos – não conseguirão manter uma estrutura de aldeia, onde nem sequer café ou mercearia tem. E os filhos e netos, por Lisboa, Porto ou Marinha Grande, que vão vindo cá por causa dos mais velhos, acabarão por deixar de vir. Uma morte lenta ou paliativa, se quisermos, sem outro final à vista. Dali passámos às cabeças de gado: não mais de 20 vacas, ovelhas menos. As terras andam de monte, não sendo de estranhar que tanto haja para arder.
Não será caso único neste norte despovoado, mas dá pena que num mundo tão globalizado e tão conectado, tudo vá desaparecendo, cada vez mais isolado (os mais velhos que aqui vivem praticamente não saem da aldeia) onde se chega ao limite de acontecer qualquer coisa a alguém e não nos apercebermos. Que fazer diante disto? A conversa ficou em silêncio. E encolhem-se os ombros, como sinal de resignação.
(Ontem, numa aldeia perto de Feirão, encontrei esta senhora a entrançar as cebolas. Pedi-lhe para fazer uma fotografia para a posteridade. E ela deixou.)

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