Quando se mete o pé na poça

Tinha jurado a mim próprio não voltar a criticar o Presidente da República (PR). Se este blogue não tem o objetivo de se meter em politica, quanto mais em politiquices. Mas vou resistir. Não vou falar do PR nem das suas polémicas declarações de sexta-feira, tendo também em mente as de Manuela Ferreira Leite sobre os tratamentos de hemodiálise e outras do género do presente e do passado, para falar do arrependimento e da devida reparação do mal que se disse ou fez.
Todos nós já metemos o pé na poça. Uns mais que outros, uns mais por palavras, outros por ações e outros ainda por omissões, como dizemos na confissão. Não sei se é normal ou natural mas que acontece acontece, e eu que o diga. Às vezes somos as primeiras vítimas das nossas más palavras e das nossas más ações e temos noção disso.
E arrependemo-nos. É bom. Muitas pessoas têm essa capacidade de reflexão e, momentos após o que disse ou fez, mesmo sem lhes ninguém dizer nada, as pessoas reconhecem que fizeram mal. O arrependimento é bom. É sinal de que amadurecemos, de que não somos assim tão maus e que queremos recomeçar um novo caminho. O arrependimento faz-nos voltar à normalidade da vida, sem termos de carregar eternamente com o peso do mal que se fez. Como digo, grande parte das vezes, somos os primeiros a reconhecer as nossas asneiras.
Mas nem sempre é assim. E aqui tomamos como exemplos os ilustres personagens acima citados. Manuela Ferreira Leite não confirmou nem infirmou o que disse e o PR, ontem, manda um recado por escrito a dizer que o que disse não foi bem interpretado, já depois de Marcelo Rebelo de Sousa, no domingo, vir dizer que o que o PR disse não era o que queria ter dito etc., etc.
Ou seja, mal vai quando são os outros a reparar que metemos o pé na poça. Quando não se tem esta capacidade reflexiva quase instinta de dizer "bolas, fiz asneira" e só três dias depois, quando já a coisa cheira mal (imagem inspirada no relato da ressurreição de Lázaro) é que se vem justificar, desdizer ou re-dizer o que nunca se devia ter dito.
Até porque fica mal a quem quer que seja que se diga cristão ou católico, ganhar mil euros ou mais de reforma (tomara muitas famílias terem mil euros de ordenado, quanto mais de reforma!) e achar-se "provedor do povo". Um PR, católico, para se dizer "provedor do povo", deveria não faltar à verdade, distribuir pelos pobres o seu dinheiro e tentar sobreviver com os 200 ou 300 euros de reforma, que é o que o povo ganha. Isso sim é pertencer ao povo português, ser católico praticante e bom governante. Tenho dito.

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