Anno histórico: Frei Estêvão de São Paio

Frei Estêvão de São Paio, da Ordem dos Pregadores, natural da vila de Guimarães, por legítima parcialidade de pretensão do Senhor Dom António à Coroa de Portugal, foi preso em Lisboa em um forte cárcere do qual fugiu com outros Religiosos também presos do mesmo hábito, e se passou à cidade de Tolouse, onde tomou o grau de Doutor em Teologia e a leu com aplauso daquela Universidade. Era muito perito na língua latina, e nela traduziu da portuguesa as vidas de São Frei Gil, de São Gonçalo de Amarante, de São Pedro Gonçalves, do Beato fr. Lourenço Mendes. De fr. Paio, primeiro prior do convento de Coimbra, de fr. Pedro, porteiro do convento de Évora e de outros varões insígnes em dignidades, letras e virtudes da sua Religião. Escreveu mais na mesma língua latina um tratado sobre o juramento e confirmação, que fez El Rei Dom Afonso Henriques da celestial visão, que teve no campo de Ourique. Tudo impresso em Paris. Os anos de 1586 e 1600. No de 1598, ouvindo dizer em Toulouse que aparecera em Veneza El Rei Dom Sebastião, vinte anos depois, que se perdeu na batalha de Alcácer e que o Senado daquela cidade o tinha recluso a instâncias do Embaixador de Castela, partiu fr. Estêvão velozmente para a mesma cidade e não podendo alcançar licença para ver aquele Príncipe preso, passou em hábito disfarçado em Portugal, e depois de dar aquela notícia aos Fidalgos Portugueses, voltou para Veneza e fez fortes instâncias para que fosse solto o sobredito preso, como foi por intervenção de El Rei Henrique IV de França, da rainha de Inglaterra e da república da Holanda, com ordem de sair de Veneza no mesmo dia de soltura, e em três de todo o Estado. Com suma fidelidade seguiu fr. Estêvão o imaginado Príncipe, e em Florença o entregou o seu Duque, faltando às leis da hospitalidade, aos ministros do Rei de Castela. E fr. Estêvão morreu violentamente em São Lucar de Barrameda, neste dia, ano de 1603.
(Anno Histórico, volume II, 30 de Agosto, par. VI, p. 616)

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