Caminhos de Advento III

A liturgia deste terceiro domingo do Advento dá-nos mais um ingrediente para a espiritualidade do Advento: a alegria.
Neste dia encontramos dois motivos para a alegria: a primeira é porque estamos a meio do Advento. A segunda leitura falava-nos disso: alegrai-vos porque o Senhor está próximo.
O segundo motivo é mais interior, profundo, a alegria fruto da presença de Deus em nós e da nova vida em Deus. E, para este segundo motivo temos a primeira leitura e o evangelho que nos apoiam e convidam a viver a alegria.
De facto, os evangelhos nunca têm um olhar pessimista sobre o ser humano. Convidam-nos sempre à alegria. Não à euforia mas à alegria serena. Em especial o evangelho de Lucas, o Evangelista para este novo ano que começámos há três semanas. À medida que vamos lendo o seu Evangelho, vamos passando de alegria em alegria, desde a alegria do anúncio do nascimento de Jesus à alegria da Ressurreição.
À luz das leituras que escutámos, coloca-se hoje uma questão: como recuperar a alegria cristã num mundo em que a alegria se resume a uns momentos fugazes de felicidade?
Na semana passada escutámos a narração da missão de João Baptista nas margens do rio Jordão. Esta semana encontramo-lo lá, outra vez, conduzindo os homens para Deus, preparando-os para acolher o Messias, aquele que nos dá uma alegria completa.
Os evangelhos apresentam-nos João Baptista, na sua austeridade, como um homem ritual. Não é um homem de grandes discursos. O Evangelho deste domingo diz-nos que ele respondia às questões do povo e com outras exortações anunciava ao povo o Boa-Nova.
João redimensionava a vida daqueles que dele se aproximavam. E é o convite que nos é feito: redimensionar a nossa vida. João, nas suas respostas não acrescenta nada ao que as pessoas já vivem. Nem pede devoções pessoais, nem penitências redobradas. Pede-lhes só honestidade e partilha: quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, não exijais mais aos outros do que o que está prescrito e não praticar a violência.
Redimensionar a vida à luz de Deus. Este é o desafio para toda a vida e para cada dia, mas que se acentuam neste Advento concreto da nossa vida. Também nós, cada um de nós, deve questionar-se sobre o que ainda tem de fazer para poder acolher Jesus Cristo e a sua mensagem na sua vida? Que devemos fazer?
O Espírito Santo será o nosso melhor conselheiro, aquele que nos ajuda a discernir os sinais dos tempos, aquele que nos ajuda a perceber o que é que na nossa vida ainda precisa de ser redimensionado, não segundo os nossos critérios ou as nossas crises, mas segundo os critérios de Jesus e do Evangelho.

(imagem: A pregação de João Baptista [detalhe], Domenico Ghirlandaio, 1489)

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