O terceiro anúncio



Ao sexto mês, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, da descendência de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?» O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
Lc 1, 26-38
Depois das palavras do Anjo a José e da aparição a Zacarias, Gabriel aparece a Maria. Não sabemos a data, nem muitos pormenores. Lucas só nos diz que foi no sexto mês - talvez depois de Isabel conceber - e que foi em Nazaré, onde viviam José e Maria. Também não sabemos se Maria se achava diferente das outras mulheres, talvez não, porque se se achasse diferente não ficaria perturbada. Mas há neste relato evangélico um duplo anúncio: que Maria vai conceber um filho, por virtude do Espírito Santo, e esse Menino será grande, ou não fosse o próprio Filho de Deus. O segundo anúncio é como que a prova de que a Deus nada é impossível: a sua prima Isabel, a estéril, a idosa, também concebeu. Engraçada a intervenção de Deus na vida destas mulheres: ao contrário de Isabel, Maria é jovem - teria uns 14 anos - e é fértil.
Para nós, cristãos, a História faz sentido a partir do dia 1 da era cristã, o dia em que Jesus nasceu, dia em que a Humanidade recebeu entre ela o próprio Deus. Para Lucas a História começa antes. Começa com os preparativos, contas bem feitas, um ano e três meses antes, como se fosse uma aurora que assinala já o dia.
Maria disse sim. Apesar de esse não ser o seu projecto - se é que ela tinha algum projecto de vida diferente do das raparigas de Nazaré: ser boa esposa, boa mãe e boa dona-de-casa - apesar de ser tudo muito confuso, Maria diz sim. Mais, continua a ser a humilde rapariga de Nazaré, a Serva do Senhor, adoptando como seu projecto de vida o projecto de Deus.
(Giambattista Pittoni, A Anunciação, 1758)

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