Algumas linhas sobre os dias passados

Quinta-feira, dia 13 de Outubro.
9.30h - Missa no Lumiar. Durante a doença do fr. José Augusto assumi ir ao Mosteiro do Lumiar todas as semanas, normalmente à quinta-feira, celebrar para quatro monjas. É mais o tempo de viagens a pé e de metro que o tempo da Missa. Mas, bendito seja Deus. É uma Missa muito tranquila, e sempre com um café depois da Missa, com as Irmãs. O que me questiona sempre é o futuro. Delas e meu.
A caminho de casa recebo um telefonema da minha mãe. Raramente me liga para telemóvel. Boas notícias. Um problema gordo que se arrasta há já uns anos acaba de resolver-se. Grande mulher, a minha mãe, que aguentou e esperou pelo melhor momento. Tem mais paciência que eu. Lembrei-me do que a minha avó me dizia quando era muito apressado e impaciente: A vida há-de dobrar-te.
13.30h - Funeral na paróquia de S. Domingos de Benfica. Almocei, antes do funeral, com o pároco, na paróquia. Tudo tranquilo depois de dois anos conflituosos. Aos poucos tudo acalma e retoma a paz perdida. O funeral é de um angolano de 37 anos. Tudo com muito respeito e até responderam à missa. Estranhei as fotografias e os gritos cantados (ritual?) da irmã do defunto: Acorda, meu irmão, vamos para casa.
15h - Consulta de oftalmologia. Estou a ver pior desde há dois anos. Ligam-me para ir ao hospital com alguma urgência para dar a santa unção a um doente moribundo.
18h - Falo com uma promessa de vocação. Da política às coisas da Ordem. Ficou para a Missa e jantou com a Comunidade. Diz que está feliz. Deus lhe conserve a alegria, a felicidade e a perseverança.
Sexta-feira, dia 14 de Outubro.
9h - Reunião do Conselho da Província. Não se pode aqui escrever muito. Apesar de ser uma província pequena, as reuniões duram cerca de três horas.
13h - Arrematei o retiro de amanhã. A este ritmo de escrita não sei onde vou parar.O que vale é que já só uso as canetas para alguma nota ou assinatura.
16h - Ida ao hospital. Muita gente para visitar. Algumas conversas longas, outras mais rápidas. Várias, no momento da comunhão dizem-me que é o melhor momento do dia. Ainda bem. Há algum consolo no meio da doença e do sofrimento.
Serão - Tento concluir o retiro da próxima semana. O último deste ano. Em 2012 será ano de descanso.
Tento deitar-me cedo porque o fim-de-semana vai ser puxado.
Sábado, dia 15 de Outubro.
9h - Manhã de Retiro no Ramalhão. Há alguns meses que já não lhes falava. Tema: vida religiosa. É como malhar em ferro frio. A teoria é sempre bonita mas não tem prática. Bem rezava um pregador, na oração antes da prédica, a São João Batista. Uma freira, certo dia pergunta-lhe porque é que invoca sempre São João Batista. O padre responde pesaroso: porque também eu, como ele, prego no deserto.
Celebro Missa às 12h para a comunidade e almoço com as Irmãs. Depois do almoço um salto à quinta para trazer legumes para o convento. Bem falta nos fazem. Que Deus lhes pague.
16h - Missa na igreja do Convento de umas bodas de ouro. Casados há cinquenta anos. Depois de trocarem as alianças, a esposa diz espontâneamente: Hoje quero dar graças a Deus por estes cinquenta anos e por ter criado os meus nove filhos. A partir de hoje só peço que se faça a sua vontade. Vale a pena viver tanto e tão bem apesar das dificuldades.
18h - Missa dos 70 anos do Colégio do Sagrado Coração de Maria. Convidaram-me para concelebrar porque lhes celebro algumas missas no Colégio. Achei piada aos miúdos me falarem. Não é costume.
Serão - Escrever a homilia de amanhã. Tento fugir ao dar a César o que é de César. Apesar da Palavra de Deus nos trazer sempre novidade as nossas palavras nem por isso.
Domingo, dia 16 de Outubro.
8.30h - Laudes. Salmos do Domingo primeiro. Parece a lei do eterno retorno. Depois do pequeno almoço, preparar o almoço. É domingo, não há empregadas e estamos poucos em casa. Mas é dia de festa. Gosto que o domingo seja dia de festa. Como estamos sem sacristão também tenho de preparar a missa. Qual será o padroeiro de todos os ofícios? Só conheço o pau-para-toda-a-colher.
12h - Missa no Convento. Gosto de ver as pessoas e de celebrar com elas e sentir a participação. Neste ano pastoral o coro anda desfalcado. É a minha maior pena. Que Deus me ajude a resolver esta preocupação.
16.30h - Hoje não vou ao hospital. Pedi a uma irmã que fosse por mim. Muito lhe devo. Que Deus lhe pague pelo bem que faz.
17.45h - Missa no Campo Grande. Os mesmos sentimentos da missa da manha, em cada domingo, mas, neste caso, o coro está em grande. Além das guitarras temos também flauta. Nos cânticos de Taizé embelezam ainda mais.
19.15h - A correr para uma outra Missa. Numa residência universitária. Falo-lhes de um Jesus próximo, sincero, que não discriminou. Peço-lhes que elas sejam, hoje boas cristãs, imitando os sentimentos de Jesus.
Finalmente, depois da Missa, sento-me para jantar. Sinto-me esgotado. É o melhor momento da semana: poder descontrair de toda a semana e tentar esquecer que a semana que vem é tão ou mais preenchida que a que passou.

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