Este blogue quer ser uma partilha do que faz um frade-padre. Pertenço à Ordem dos Pregadores, comummente conhecida por Dominicanos. Não é um diário... serão retalhos.
Nem só de pão vive o homem - XI
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Todo o homem que come e bebe e encontra felicidade no seu trabalho,
Senhor Jesus, eu te agradeço a possibilidade de fazer uns dias de retiro. Parar, afastar-me da cidade, subir ao monte para rezar entrar na tua casa, oleiro da minha vida, para acolher a tua Palavra e melhor cumprir a tua vontade. No início deste retiro quero entregar-te as minhas preocupações e angústias, o meu cansaço e os pensamentos apressados; que o cinzento não tolde o céu azul nem a luz da tua claridade. Concede-me o espírito de interioridade, de paz, de oração e de paciência; e o dom da conversão para ser como o barro nas mãos do oleiro, eu, nas tuas mãos, moldado pela fé, pela esperança e pela caridade. Virgem Maria, Senhora do silêncio e da escuta, concede-me nestes dias o dom da contemplação e da alegria para, como tu, em cada dia, ir dizendo a Deus o meu sim. Ámen. (cf. Jeremias 18, 1-6)
Rainha do Sacratíssimo Rosário, rogai por nós. Não sei se, quando foram a Fátima, repararam que, no arco principal da Basílica, perto do altar, está gravada esta invocação. Porque Nossa Senhora, em Outubro revelou aos pastorinhos (a Lúcia) o que queria e quem era: "Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas". Mas não é daqui que vem a tradicional associação do mês de Outubro ser o mês do Rosário. Vem do século XVI, mais precisamente d0 ano de 1571. O papa São Pio V, dominicano, vence uma batalha no Lepanto e atribui essa vitória a Nossa Senhora do Rosário e institui a sua festa no dia da vitória, que hoje calha. Esta invocação desde sempre esteve ligada a São Domingos. Uma tradição oral e artística (não histórica) do século XV, diz que Nossa Senhora, no ano de 1208, apareceu a São Domingos e deu-lhe o rosário. É d
Acabo de vir do hospital. Reencontrei uma senhora que o Parkinson vai atacando . Quer escrever mas quase não consegue. Gosta de ler para os outros mas não gosta de ditar porque não consegue exprimir o que sente. Quando entrei no quarto estava a escrever sobre o Inverno e as recordações que lhe traziam: a chuva, as trovoadas, a avó à lareira... Uma senhora que fez voluntariado em oncologia, vê-se agora limitada pelo Parkinson. Para mim o mais difícil da vida não é a morte mas a degeneração. Digo degeneração e não degradação. Degenerar não tem que ser degradar. Pode-se degenerar com dignidade. É a degeneração degradante que me aflige. É o que sinto no hospital: cada doente tem a dignidade que merece. Crente ou não crente, mais simpático ou mais resmungão. Um doente é um desafio à nossa capacidade de ir ao encontro daquele que está mais débil e que precisa de nós. Ao ver um doente de cancro, Parkinson e até de Alzheimer - tudo doenças degenerativas - olho também para o seu contexto.