Que palavras nesta noite?


Senhor,
entrámos na noite do grande silêncio.
O mesmo silêncio de há dois mil anos:
o silêncio de Maria depois de ter o seu filho morto nos braços,
o silêncio dos discípulos com as ilusões desfeitas sobre o seu Mestre,
o silêncio de um túmulo escavado na rocha, perto do lugar da morte.
Noite e silêncio.
Hoje, diante do mal, do sofrimento e da tragédia,
só o silêncio pode ser fecundo e consolador.
Se houver palavras a dizer,
serão as de solidariedade por quem sofre.
Já não há vestígios de morte:
a cruz foi retirada,
Maria retirou a coroa de espinhos,
estancou o sangue do lado,
João traz-lhe o lençol de linho para embrulhar o corpo do Senhor,
José de Arimateia já comprou os perfumes e preparou o túmulo.
Hoje o silêncio é mais forte que as palavras.
E nós esperaremos também em silêncio a grandiosa notícia
de que a morte não foi a palavra final,
de que a cruz, afinal, tem sentido,
de que Cristo sai vivo do sepulcro.
Ajuda-me, Senhor,
a sair dos meus túmulos,
dá-me força para fazer rolar a pedra da libertação
dá-me coragem para te anunciar com a minha vida.
E que também eu sinta a força da tua luz,
para poder viver como ressuscitado. Ámen.

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