Diálogo e gestos de amor

Este terceiro tema do CPM fala da relação do casal no que diz respeito ao diálogo e aos gestos de amor. Uma tentação errada é pensar que os gestos de amor se resumem à relação sexual.
Perceber que uma relação a dois é uma construção baseada na amizade, no diálogo, no perdão. Perceber que uma relação não é uma realidade estática mas que vive em constante dinamismo, mesmo com as rotinas. Por isso evolui, consolida-se.
Quando se fala em diálogo numa relação a dois não é tanto saber se há temas para evitar o silêncio. O diálogo é fundamental em qualquer relação, e em especial numa relação em que os dois são um só. Por isso, o silêncio pode ser diálogo, se for saudável. O silêncio forçado, que cala problemas, esse sim prejudica não só o diálogo mas até a própria relação. O diálogo existe quando existe honestidade e naturalidade.
Casar na Igreja leva-me a perceber que o meu companheiro/a tem uma dimensão sagrada na minha vida. Não foi por acaso que ele apareceu. Porque não vê-lo como aquele que Deus colocou no meu caminho para a felicidade de ambos e para a prática do amor? Se vir aquele com quem fiz aliança e partilho a minha vida como um dom de Deus, sinto-me amado quando amo e sou feliz quando o faço feliz.
Uma relação para toda a vida ou, como diz o ritual "até que a morte nos separe", leva inevitavelmente para a rotina. E há rotinas saudáveis, como por exemplo, a de todos os dias chegar a casa e poder partilhar as alegrias e preocupações do meu dia. O desafio para qualquer vida, pessoal, conjugal ou comunitária é descobrir a novidade na rotina dos dias.
Piores rotinas são as das atitudes. A rotina do amuo, da birra, da mesma reacção a qualquer acção/provocação. Estas rotinas é que são danosas numa relação.
Também, como em qualquer vida ou relação, há momentos difíceis. Na vida todos temos dificuldades. Dificuldades não são necessariamente impedimentos. As dificuldades devem levar-me ao amor primeiro, àquilo que me fez amar a pessoa com quem casei. Esse amor primeiro, o fogo que arde sem se ver, não se apaga.
Perceber que a minha vida, a minha relação é única. Porque cada história de amor é única. Não se pode medir nem comparar. Por isso é importante a intimidade do casal. O que é íntimo não se divulga nem se comenta. Não se trata de um acordo, trata-se de respeito pelo que vivo com o outro e só a nós diz respeito.
Tudo na vida do casal deve ter o seu tempo e o seu lugar: o trabalho, os amigos, os filhos quando vierem... e o meu companheiro/a. Os filhos não podem substituir o outro. Eles têm o seu lugar. São o fruto da vida de casal.
Os gestos de amor acompanham a vida do casal. Não precisam de originalidade, precisam de atenção. Como uma planta que precisa de ser regada e de ter sol ou luz, como o fogo que precisa de alguma coisa que o faça manter aceso, assim numa relação os gestos de amor alimentam e manifestam o amor ao longo da vida.
Uma palavra sobre a sexualidade. Para a Igreja uma pessoa não é um objecto. O instinto, o desejo de possessão não glorificam o ser humano. Por isso, a sexualidade na vida conjugal deve respeitar o outro, sempre nesta atitude de liberdade e responsabilidade. E que seja, também ela, um gesto de amor.

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