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A mostrar mensagens de junho, 2013

Pedro e Paulo

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O mês dos Santos populares não contempla São Paulo. Celebramos a 13 Santo António, a 24 São João Baptista e, no dia de hoje, São Pedro. Mas, exactamente, hoje a Igreja não celebra só São Pedro. Desde sempre que, na liturgia, se celebraram em conjunto São Pedro e São Paulo, as duas colunas da única Igreja de Cristo. Hoje, em Portugal, vários acontecimentos são assinados: o funeral do bispo emérito de Coimbra, D. João Alves, a despedida de D. José Policarpo como Patriarca de Lisboa e, em Roma, D. Manuel Clemente, recebe das mãos do Papa Francisco, o pálio de arcebispo. Até eu, hoje, lembro o meu décimo ano de ordenação diaconal. Gosto de lembrar este dia. O serviço. A igreja e os seus membros ao serviço daqueles que lhes estão confiados. Uma Igreja, cuja hierarquia não está para se servir, para lucrar, mas para servir, dar a vida, quotidianamente, por aqueles que a não têm em abundância. Pedro e Paulo, dois homens com feitios e pontos de vista diferentes, mas ao serviço da mesma Igr

Impedimentos ou desculpas?

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Na primeira leitura e no evangelho do próximo domingo, iremos escutar relatos de aparente vocação: há o desejo de seguir mais de perto mas, ao mesmo tempo, há alguns impedimentos. O contraste está entre a nobreza da proposta e a vulgaridade das desculpas: já vou, deixa-me primeiro, até ia mas... É assim que muitas vezes fazemos entre nós mas, pior ainda, é assim que fazemos com Deus. Deus deixa de ser a nossa prioridade para nos atirarmos a coisas secundárias e sem valor. Deus faz a parte dele: escolhe e chama. Nós nem sempre fazemos a nossa parte: ignoramos e arranjamos impedimentos. Quando é que Deus será a nossa primeira e valiosa opção, de tal modo que sejamos inteiramente dele, seguindo-o sem olhar para trás? Bom domingo.

nove anos... e um dia

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Por falta de tempo, ontem não pude aqui vir marcar o dia do meu nono aniversário de ordenação. Dia cheio mas alegre e bem disposto. Em nove anos, foi a primeira vez que juntei, numa mesma celebração, os meus dois grandes apostolados como padre: uma Missa com alunos do Externato Marista de Lisboa na igreja do Convento onde vivo. Dois grandes apostolados e os primeiros que tive como padre. Recém ordenado, puseram-me em contacto com os Maristas para ver a possibilidade de poder vir a ser capelão. Um ano depois, estando a construção da igreja no seu fim, confiaram-ma como lugar de apostolado e pregação. Por isso, foi um dia especial. Acabei por jantar com novos Amigos, importantes na nossa missão de padres. Estar com as pessoas, conquistar amizades, ajudas mútuas, é a melhor construção de vida que alguém pode ter. Também, ao longo do dia, fui recebendo mensagens de parabéns, que agradeço. De facto, não se pode conceber o ministério ordenado senão para estar rodeado de pessoas, para

Um concerto no Vaticano

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Só agora tenho disponibilidade para aqui deixar escrito os últimos momentos da minha ida a Roma. A sessão de trabalhos acabou no sábado, ao meio-dia, com a distribuição de "trabalho de casa". Como só tinha avião no domingo, tive a tarde de sábado livre. Sem grandes planos, de repente, aparecem-me dois convites para um concerto no Vaticano, por ocasião do Ano da Fé, com a presença do Papa. Como não tinha grandes planos, acabei por ir. Ir atempadamente para arranjar um bom lugar, até porque se o Papa ia, era bom arranjar um lugar perto do corredor onde a passar. Aos poucos a grande sala foi-se compondo (não encheu), com lugares diferenciados conforme as posições civis ou religiosas e, à hora em que o Papa devia entrar - a euforia era tal que havia freiras de hábito em cima das cadeiras! - ouve-se um bispo a dizer que o Papa, afinal, não ia ao concerto por motivos inadiáveis. Foi a desilusão. As freiras desceram das cadeiras, algumas pessoas foram até embora, e fez-se silênci

Perguntas de Jesus

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É difícil seguir Jesus Cristo. Poderíamos resumir assim o Evangelho deste domingo que começamos a celebrar. É difícil porque nos questionamos sobre Ele e sobre a sua mensagem; é difícil porque Ele nos questiona sobre o nosso modo de estar no mundo; é difícil porque ser cristão implica seguir Jesus com a nossa Cruz de cada dia. Mas, muitas vezes, depois das dificuldades vêm as alegrias. Jesus não fica na Cruz. Com a sua ressurreição abre a porta da morte que nos leva à alegria da vida eterna. Neste caminho nem sempre tão fácil, somos levados a responder às perguntas que Jesus nos vai fazendo e orientam a nossa vida: quem sou Eu para ti? Que sinais dás de que vivem em mim? Como é que aceitas a tua Cruz? Bom domingo!

São José na Missa

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Não estava a pensar falar no assunto mas, como não o vi escrito em nenhum site católico português, aqui deixo a notícia que saiu ontem do Vaticano: a partir de agora, nas orações eucarísticas deve mencionar-se São José depois da Virgem Maria. Como é sabido, nós temos várias orações eucarísticas na Missa. Nos anos 60, o papa João XXIII mandou inserir o nome de São José no Cânon Romano (Oração Eucarística I). Pouco tempo antes de Bento XVI resignar, houve a proposta de o inserir nas outras orações eucarísticas. O Papa era a favor mas não chegou a assinar o documento. Agora o Papa Francisco, mandou que se oficializasse esta petição. Os motivos não os sabemos. Talvez o Papa os venha a dizer. Aqui em Roma falam-se de três, embora, para mim, o primeiro seja o mais importante: 1. São José é o Patrono da Igreja. Ele que foi o guardião do Menino Jesus, como pai, protege agora a Igreja. 2. O Papa Francisco é o segundo João XXIII. Os meios de comunicação social não se cansam de dizer isto.

Trabalhos de Roma

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Cá estou eu em Roma, há dois dias, para mais uma reunião da Comissão Litúrgica da Ordem. Roma parece um forno... Temperaturas pelos 30 graus; à noite pelos 25. Não apetece muito sair à rua mas também é muito sedentário ficar todo o dia no Convento. Um passeio no fim do jantar é saudável. Os trabalhos decorrem com tranquilidade. De manhã reuniões plenárias e, á tarde, reuniões por grupos. O meu grupo, desta vez, é o da música. Estamos a preparar para o Jubileu de 2016 dois livros de música "dominicana": um com o repertório gregoriano da nossa tradição/espiritualidade e outro com músicas contemporâneas dos vários pontos do mundo. Ontem à tarde fez-se uma primeira selecção. Nenhuma música foi, para já, excluída, embora algumas deixem muitas interrogações. Nas reuniões plenárias, ontem foi dia de apresentação de trabalhos. Eu lá apresentei o livro dos Santos e Celebrações da Ordem dos Pregadores, valorizado e elogiado. Só trouxe 2 exemplares mas, da Cúria, já me pediram mai

Mais um desenho

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Neste fim de Domingo, aqui deixo um desenho que o António fez durante a Missa e me ofereceu.

O arrependimento

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O evangelho da liturgia deste domingo leva-nos, uma vez mais, a um episódio da vida de Jesus cheio de emoção: é convidado a um jantar em casa de um fariseu e, entretanto, uma pecadora aproxima-se e lava os pés de Jesus com as suas lágrimas e unge-os com perfume. O que o fariseu estranha é que Jesus não se tenha dado conta que uma pecadora o tenha tocado. Mas, sim, Jesus deu-se conta e não se importou. Nunca se importa com os nossos rótulos porque a misericórdia é maior que a miséria. Neste episódio temos também nós um lugar: seremos como esta mulher que manifesta arrependimento ou como o fariseu que só vê o mal do outro? Bom domingo.

Um dia de sol no Funchal

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Finalmente um dia de sol no Funchal. Tudo mudou de cores. Agora sim o azul do céu toca com o azul do mar. O dia de ontem, que tinha ficado prometido relatar, acabou tarde, com um jantar na casa dos amigos que me hospedaram. O atraso sucessivo dos aviões fez com que o jantar fosse adiado. Mas valeu a pena. Mas o dia de ontem valeu por tudo: a conversa e ensaio com os noivos, a descida para o jardim botânico por teleférico (mete respeito!) e a visita ao jardim botânico. Duas horas a visitar as várias espécies de árvores, arbustos e plantas, algumas da Madeira e outras de outros lados do mundo. Esta manhã fui ajudar a confessar crianças que amanhã fazem a Profissão de Fé e acabei por fazer um baptismo porque o pároco tinha muitos afazeres. Ainda tive tempo de passar no Mercado dos Lavradores para ver a abundância de peixes, frutas e legumes, num dia de sábado. E agora é esperar pela hora do casamento. Ao deixar o Funchal não posso esquecer as várias pessoas que contribuíram

Por mares nunca dantes navegados

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Vim à Madeira. Primeira vez. Vim para um casamento e aproveitei vir uns dias antes para a conhecer. E impressiona-me. Impressiona a altitude, impressiona a grandeza (a Madeira é grande!), impressionam ainda mais as imagens que vimos passar na televisão daquela tragédia de Fevereiro de 2010. As ribeiras, que agora andam mansas, as levadas... tudo. E impressiona o mar. Mar por todo o lado mas mar limpo, Atlântico, portanto. Tenho passado os dias a visitar lugares, graças a pessoas que tão generosamente me levam para os lugares mais distantes. Os mapas/guias, enganam muito. O Monte não é assim tão perto para se poder ir a pé (e a subir!), e não está tudo concentrado na capital. Hoje, os pais de um confrade, convidaram-me para almoçar e levaram-me à parte norte da ilha: Ribeira Brava, Encumeada, São Vicente e Ponta Delgada. Sempre o mar... E não posso deixar de referenciar a gastronomia: Trouxe o propósito de fazer as pazes com as frutas tropicais (excepto o ananás que continua a esta

Oração depois de um dia que valeu a pena

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Obrigado, Senhor, por este dia que me deste. Obrigado, Senhor, porque este dia valeu a pena. Obrigado por tudo o vivi, pelas pessoas com quem estive, com as que ouvi e com quem falei, as que servi e amei. Obrigado, Senhor, porque te senti perto de mim no sorriso das crianças, nos gestos de atenção e dedicação dos adultos. Obrigado, Senhor, porque te revelaste naqueles com quem estive e senti confirmada a tua palavra: "Sempre que o fizeste a um destes pequeninos, a mim o fizeste". Obrigado, Senhor, por ter dado e recebido. Experimentei a beleza e a alegria de que é dando que se recebe. E, porque nem tudo é tão bom como queremos e desejamos, ajuda-me a ser melhor, Senhor; a não julgar nem falar mal, a contentar-me com o que tenho e como sou, pobre e limitado, mas desejando sempre sem melhor. Obrigado, Senhor, por pesares a minha vida na balança da misericórdia. Concede-me uma noite tranquila, para amanhã poder louvar-te e sentir-te nos afazeres da vida. Amen. (imagem: O Anj

Livros recebidos

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Hoje foi dia de receber livros no Convento. À hora do almoço chegou o número 25 dos Cadernos ISTA, dedicado ao fr. José Augusto Mourão, seu  Presidente, falecido em 2011. Traz um poema inédito, uma conferência, e também o seu extenso curriculum. A segunda parte deste Caderno consta de índices de autores e ´títulos das conferências publicadas. E acabo de receber, também, um livro do qual fui coordenador: Santos e Celebrações da Ordem dos Pregadores. É publicado pela editorial Apostolado do Rosário, com 197 páginas. Traz a vida de todos os santos e beatos dominicanos e a sua respectiva oração. Traz também publicado, e pela primeira vez, o Calendário Litúrgico da Ordem para a Província de Portugal. Um trabalho de equipa, com grande mérito dos que o ajudaram a construir, que certamente ajudará a difundir a história e espiritualidade dominicana, e que estará à venda nos conventos dominicanos e na livraria Verdade e Vida, em Fátima. Aqui deixo a Apresentação que fiz para o livro:

As palavras da fé

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Venho de um funeral de um rapaz ainda novo. Com pai e mãe vivos, dores que não se sentem, quanto muito solidárias, lembro-me sempre do "contra-natura" dos pais verem morrer os seus filhos. As palavras têm que ser bem medidas e bem pesadas. Por vezes o silêncio para perguntas que não têm resposta. Pelo menos por agora. Para os que temos fé, as palavras consoladoras vêm de Deus, da sua palavra. Para combater a tristeza da ausência e da separação fica a certeza de que estão junto de Deus. Palavras para a morte não as tenho. Para a vida eterna dá-mas Cristo. A escrita pode ajudar a digerir perdas e desconsolos. Ao abrir o livro de poemas de Sophia, encontrei a parte final de um, que aqui deixo, que poderão ser os sentimentos de uma mãe ou de um pai que vê partir o seu filho: " Nem terror nem lágrimas nem tempo Me separarão de ti Que moras para além do vento ."

Que fizemos da Eucaristia?

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Celebrar a festa do Corpo de Deus a um domingo – esta será a primeira vez na história de Portugal – pode ajudar a revitalizar o que se entendia como devoção. A celebração da Eucaristia centra-nos no essencial: perceber no pão e no vinho os sinais da entrega e do amor de Cristo pela humanidade, perceber que a comunidade os celebra ao mesmo tempo como sacrifício e banquete e que, o pão consagrado que partilha na fé compromete-a na partilha do pão que alimenta e dá dignidade aos que passam necessidades. Várias perguntas se colocam ao celebrarmos a Eucaristia dominical: Que fizemos da Eucaristia? Um acto social? Um hábito dos domingos? Um “aperitivo” de qualquer coisa que vem depois? Bom domingo!

Oração para depois de um tempo de retiro (ou descanso)

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Disse-lhes, então Jesus: «Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco.» Porque eram tantos os que iam e vinham, que nem tinham tempo para comer. (Mc 6, 31) Obrigado, Senhor, por estes dias de descanso que me concedeste. Obrigado pelas horas aproveitadas, pelos momentos de oração, de estudo, de convívio e de lazer. Obrigado, Senhor, por me teres convidado a ir contigo para um lugar deserto e a descansar. Agora que retomo as actividades quotidianas, exigentes e intensas, dá-me força para não desanimar. Que o ritmo do trabalho me faça compreender que colaboro contigo na obra da criação. Ajuda-me a estar próximo do próximo, praticando o ministério do acolhimento e do diálogo. Ajuda-me a viver no dia-a-dia a tranquilidade com que me educaste nestes dias. E que sinta a tua presença, junto das pessoas ou no meio dos livros. Assim viverei feliz porque te encontro no meu caminho. Ámen.  (imagem: Peter Severin KRØYER, crianças na praia, 1892)