Este blogue quer ser uma partilha do que faz um frade-padre. Pertenço à Ordem dos Pregadores, comummente conhecida por Dominicanos. Não é um diário... serão retalhos.
24º dia da Quaresma
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O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. (EG 266)
Senhor Jesus, eu te agradeço a possibilidade de fazer uns dias de retiro. Parar, afastar-me da cidade, subir ao monte para rezar entrar na tua casa, oleiro da minha vida, para acolher a tua Palavra e melhor cumprir a tua vontade. No início deste retiro quero entregar-te as minhas preocupações e angústias, o meu cansaço e os pensamentos apressados; que o cinzento não tolde o céu azul nem a luz da tua claridade. Concede-me o espírito de interioridade, de paz, de oração e de paciência; e o dom da conversão para ser como o barro nas mãos do oleiro, eu, nas tuas mãos, moldado pela fé, pela esperança e pela caridade. Virgem Maria, Senhora do silêncio e da escuta, concede-me nestes dias o dom da contemplação e da alegria para, como tu, em cada dia, ir dizendo a Deus o meu sim. Ámen. (cf. Jeremias 18, 1-6)
Rainha do Sacratíssimo Rosário, rogai por nós. Não sei se, quando foram a Fátima, repararam que, no arco principal da Basílica, perto do altar, está gravada esta invocação. Porque Nossa Senhora, em Outubro revelou aos pastorinhos (a Lúcia) o que queria e quem era: "Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas". Mas não é daqui que vem a tradicional associação do mês de Outubro ser o mês do Rosário. Vem do século XVI, mais precisamente d0 ano de 1571. O papa São Pio V, dominicano, vence uma batalha no Lepanto e atribui essa vitória a Nossa Senhora do Rosário e institui a sua festa no dia da vitória, que hoje calha. Esta invocação desde sempre esteve ligada a São Domingos. Uma tradição oral e artística (não histórica) do século XV, diz que Nossa Senhora, no ano de 1208, apareceu a São Domingos e deu-lhe o rosário. É d
Acabo de vir do hospital. Reencontrei uma senhora que o Parkinson vai atacando . Quer escrever mas quase não consegue. Gosta de ler para os outros mas não gosta de ditar porque não consegue exprimir o que sente. Quando entrei no quarto estava a escrever sobre o Inverno e as recordações que lhe traziam: a chuva, as trovoadas, a avó à lareira... Uma senhora que fez voluntariado em oncologia, vê-se agora limitada pelo Parkinson. Para mim o mais difícil da vida não é a morte mas a degeneração. Digo degeneração e não degradação. Degenerar não tem que ser degradar. Pode-se degenerar com dignidade. É a degeneração degradante que me aflige. É o que sinto no hospital: cada doente tem a dignidade que merece. Crente ou não crente, mais simpático ou mais resmungão. Um doente é um desafio à nossa capacidade de ir ao encontro daquele que está mais débil e que precisa de nós. Ao ver um doente de cancro, Parkinson e até de Alzheimer - tudo doenças degenerativas - olho também para o seu contexto.