Do sonho à realidade

Há uns anos trás, no fim de uma celebração de São Domingos, num mosteiro de Monjas, uma Irmã desabafava: que pena não haver nada do nosso Pai em português. Vim para casa - estava em Feirão - e, ao rezar vésperas, dei-me conta do hino que, ao contrário da grande maioria dos hinos da Liturgia, não era uma quadra mas sim uma sextilha... É difícil arranjar uma melodia para uma sextilha. Mas ficou a pena da Irmã. Até que um belo dia, de manhã, acordei com uma melodia na cabeça... e fazia sentido o correr da melodia e peguei no telemóvel para a gravar. Ficou gravada e, mais tarde, quando fui confrontar com o hino, caía que nem uma luva. Estava arranjada a melodia par ao hino.
Bem, foram-se passando os anos e a melodia estava na minha cabeça, no áudio do telemóvel e ainda numa folha, pelo menos o tom e o correr da música. Deixei de ir a Feirão no mês de Agosto e a melodia nunca foi cantada.
Quando estávamos nos preparativos do CD sobre São Domingos, que noticiei na semana passada, demo-nos conta que o Hino que tínhamos para a festa de São Domingos, não era o texto "oficial" da liturgia. E voltou a "pena": que pena não haver o hino musicado. E eu, envergonhado, disse: bem eu musiquei mas não é grande coisa. Deixe ver, disse o Maestro e, por aqueles dias, mais nada me disse. Até que um belo dia recebo um email do Maestro José Eugénio (coro Laudate), que dizia mais ou menos assim: envio-lhe o hino da sua autoria, agora harmonizado pelo P. Cartageno. Nem queria acreditar. As voltas que tinha dado e que surpresa. O P. Cartageno conheço-o bem, de um curso de música litúrgica que fiz em Fátima. Já lhe tinha pedido algumas músicas (o Aleluia que se cantou na minha Missa Nova, algumas antífonas para a dedicação da igreja do convento...) mas isto era diferente. Lá lhe agradeci, com um sincero obrigado, ao que me respondeu dando os parabéns e dizendo que era interessante.
Ouvi uma primeira vez o hino num ensaio para o CD. Mas ainda tudo muito a medo e incipiente. Na semana passada gravei-o e emocionei-me. Nem parecia meu. Um amigo, que estava lá não queria acreditar: foste tu que compuseste isto? E eu, timidamente disse que sim, mas que o mérito é do P. Cartageno. E é verdade. Ora, a gravação do vídeo desapareceu e, por encanto, acaba de aparecer no meu telemóvel. Já o descarreguei e agora coloco-o aqui para que o leitor agora se torne ouvinte. O hino é interrompido, por causa de um ajuste do Maestro, mas é só para ter a ideia. Pode parecer presunção mas não é. É a alegria de partilhar esta música que, de um sonho, se torna agora realidade.


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