Estar 'zangado' com a Igreja

De vez em quando cruzo-me com algumas pessoas que dizem estar zangadas com a Igreja. Porque o Papa fez isto ou disse aquilo, porque a Igreja é rica e devia ajudar mais os pobres, porque os padres são muito pecadores, porque os que vão à missa são piores que os que lá não vão, porque a doutrina da Igreja está desactualizada... enfim, uma ladaínha de queixas, quase todas elas com algum fundo de verdade. No entanto, a Igreja é mais que um discurso do Papa, é mais do que o Vaticano cheio de obras de arte (que não se podem vender porque o direito internacional proíbe e porque o Vaticano tem a tarefa de as conservar em nome do Estado italiano...), é mais do que os pecados dos padres ou dos fiéis. A igreja é, como escreveu São Paulo, um corpo, do qual, todos os que são baptizados fazem parte; ou então, como diziam os primeiros Padres da Igreja, ela é 'Sancta et Meretrix' (santa e pecadora). E, por isso, mais do que queixar-se da Igreja ou zangar-se, devemos rezar por ela e pelos seus membros e ter gestos concretos para a ajudar a mudar. Condena-se tanto a Inquisição - e bem! - e por vezes parece que se quer fazer um tribunal em que a Igreja é a máxima culpada. Talvez o melhor seja mesmo fazer um acto de fé de que a Igreja é sobretudo obra de Deus e não uma mera instituição humana como se de um banco ou de uma universidade se tratasse.
Em 1970 era editado um livro, escrito pelo dominicano P. Congar, grande teólogo do Concílio Vaticano II, ligado às questões da eclesiologia. O livro chama-se "No meio da tormenta". Ao último capítulo deste livro ele deu o título "A Igreja meu lar materno". Deixo algumas partes deste capítulo em que podemos ver que, apesar das dificuldades e dos pecados da Igreja ela continua a ser a nossa mãe: «Sabemos o que se pode dizer acerca da estreiteza, atrasos e imperfeições da velha Igreja. Vemos que em muitos campos está em desigualdade com os verdadeiros problemas dos homens. Mas tudo isso, por muito pesado que seja, está contrabalançado por tudo aquilo que ela oferece, de positivo. Ela foi, ela é o lar da minha alma, a mãe do ser espiritual (...) As nossas Igrejas eram outrora, legalmente, local de refúgio. Não deveriam elas continuar a realizar essa vocação duma maneira nova, acomodada ao homem moderno assaltado pelos problemas e as dúvidas, sufocado pela concorrência, esmagado pela complexidade de tudo, enervado pelo barulho, intoxicado por uma publiciade indiscreta, isidiosa e agressiva? Ah! bendita seja a paz do meu lar-Igreja!»
Para os cristãos que têm uma visão só negativa da Igreja, deixo este vídeo que me enviaram há uns meses atrás:


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