Extrema Unção

Ontem, no hospital, ofereci a uma doente um poema de Miguel Torga com o título "Extrema Unção":

Não tenhas medo, coração aflito!
Bate serenamente
Como se o infinito
Fosse a tua medida permanente.

Parar agora ou logo, tanto faz.
O que importa é que a última pancada
Seja dada
Num ritmo de paz.

É calmo que na foz da perdição
O rio enfrenta as ondas e mistura
A lírica doçura
À trágica e salgada imensidão.

Só há sono perfeito no regaço
Da morte que primeiro foi vencida.
Não percas o compasso,
Metrónomo da vida!

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