Pecados capitais


São sete os chamados pecados capitais. Já foram mais, nunca menos de sete, não fosse este número especial, não só para a numerologia para também para a tradição judaico-cristã, a começar pelo relato da criação, que aconteceu em sete dias e a terminar, opção minha, nestes sete pecados que por estarem à cabeça (na origem) de outros, se chamam capitais.
Apesar de não serem matéria da ordem do dia da Igreja não deixam de ser pecados ou, se quisermos, segundo a explicação do catecismo dos anos 50 que tenho aberto diante de mim e que me vai ajudar neste post, melhor diremos se os consideramos como vícios capitais. São, portanto, maus hábitos que nos prejudicam na nossa relação com Deus, com os outros e até connosco próprios. Não seremos nós os mais prejudicados, por exemplo, com o pecado da gula? E já que falamos da gula apresentemos, então, pela sua ordem, os sete pecados capitais: o primeiro, e não é por acaso que o é, é o da soberba; segue-se o da avareza e depois o da luxúria. Em quarto aparece a inveja seguindo-se a gula, o sexto a ira e para finalizar, o sétimo é o da preguiça.
Como dissemos na definição e agora lembramos, cada um destes vícios desencadeia outros não menos maus. A título de exemplo, a soberba pode desencadear a ambição, a presunção, hipocrisia, orgulhos e por aí fora... Como não é uma lição de catequese não vamos pormenorizar cada um deles até porque há boa literatura e bons esquemas que o explicam bastante bem.
Vale a pena lembrar agora o porquê de escrever sobre o tema. Diria por três motivos: o primeiro foi, como disse há dias, uma entrevista que dei a uns alunos do 12º ano sobre este tema. Muitas perguntas, umas muito concretas, outras mais vagas como por exemplo, saber se a nossa sociedade é mais pecadora que antes... umas respostas em que estivemos de acordo outras não, como por exemplo se há utilidade em pecar. Para uma das alunas havia, porque pecando podemos aprender, assim como se aprendem com os erros, para mim não porque defendo que não é preciso praticar o pecado para podermos dele aprender. No entanto, chegámos a um consenso: que se por acaso pecarmos, poderemos tirar lições para o futuro. O segundo motivo foi o pedido da Luisinha, que me pediu que escrevesse sobre este tema e explicasse a imagem que coloquei naquele dia e que hoje volta a ilustrar este post. E aqui vai a explicação: o quadro é do conhecidíssimo pintor Hieronymus Bosh (1450-1516) e está no museu do Prado. É uma grande roda com Cristo ressuscitado no meio, como sinal de vitória sobre a morte e o pecado. E, à sua volta estão os sete vícios capitais bem ilustrados. Cada cena tem o nome do pecado. Assim, em baixo vemos a ira e, rodando para a direita, aparecem-nos depois a soberba, a luxúria, a acídia (preguiça), a gula, a avareza e a inveja. Pecados pelos quais seremos julgados. E então, nas pontas do quadro temos outras quatro rodas com os chamados novíssimos do homem, ou seja, as suas últimas realidades: em cima à esquerda a morte, à direita o juízo, em baixo à esquerda o inferno e à direita o paraíso. Claro que estamos a falar numa linguagem "medieval", a do temor; que não foi a de Cristo. Cristo optou pela linguagem do amor.
O terceiro motivo é mais pessoal e por isso será mais discreto. Só dizer que estes pecados, podem destruir relações.
Menos mal que estes pecados têm remédios. Ou seja, contra os pecados há as virtudes que, por um lado nos ajudam a combatê-los e, por outro, praticando-as não caímos neles. E então temos: contra a soberba a humildade, contra a avareza o desapego, contra a luxúria a castidade, contra a inveja a caridade, contra a gula a temperança, contra a ira a paciência e contra a preguiça a diligência.
Não sou muito deste tipo de sistematização de categorias de pecados. Mas uma coisa é certa. Que eles existem existem, que são chatos são e que custa acabar com eles custa.

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