Cinco anos


Hoje a igreja do Convento onde vivo celebra o quinto aniversário.
Os que assiduamente cá vêm dizem: Já cinco anos? Sim, já cinco anos. E eu também os celebro. Há cinco anos que me entregaram a pastoral da igreja do Convento.
Muita gente diz que é uma referência não só para a diocese de Lisboa como para todo o país. Digo-o em relação à arquitectura, obviamente. Antes de mais pela singularidade de ser uma igreja conventual, o que distingue e identifica. E a grande diferença entre uma igreja paroquial e a conventual está no objectivo: uma igreja paroquial deve adptar-se à realidade do território da paróquia enquanto que, na igreja conventual, o que acontece é a identificação das pessoas com a realidade conventual. A própria arquitectura na concepção da igreja do convento vai mais num estilo comunitário do que individual. Alguns pormenores: não tem uma pia baptismal. Porquê? Porque não é uma igreja paroquial. Não tem um lugar específico para confissões: em qualquer lado da igreja, num simples banco, se sentam duas pessoas para se confessarem. Tem o 'coro'. O coro não é o grupo de cantores mas sim o lugar onde os frades rezam o Ofício Divino (Liturgia das Horas); os bancos, propositadamente, não têm genuflexórios. Porquê? Porque a opção foi a dimensão comunitária. Na celebração da Eucaristia adoptamos todos as posições de quem preside. E na celebração eucarística o que preside nunca ajoelha.
São pormenores destes que fazem desta igreja um sitio despojado, simples. O que reina é o contraste escuro do chão com o claro dos bancos, o cinzento do betão e as entradas de luz rasgadas nas paredes e no tecto da igreja.
Como temos gostos diversos, uns gostarão da igreja outros nem por isso. Eu gosto dela. Se calhar não desde o início do projecto, em que tudo me parecia muito grandioso: paredes de 23 metros, desniveis numa parede e no chão da assembleia... Mas o que é certo é que aprendi a gostar desta igreja. Falo muito dela. Comparo-a com outras. E fico contente quando a admiram.
Cinco anos é um número redondo. É preciso festejar. Agora, já não com as pedras da construção, mas com as pedras vivas, homens e mulheres, mais novos e mais velhos, todos os que encontram neste espaço a fonte onde matar a sede de Deus.

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