Os Valinhos


Acabou hoje o retiro. Consegui ter uma tarde livre em Fátima. Tem sido raro, nos últimos dias, ir a Fátima e ter tempo livre, só para mim. Como o retiro acabou depois do almoço e só vinha para Lisboa depois do jantar aproveitei para caminhar. Três horas. Para fazer um recorrido nos arredores do Santuário: Via-Sacra dos Valinhos, Calvário Húngaro, Loca do Cabeço, Aljustrel, Fátima (igreja paroquial e cemitério) e regresso a casa pela "Estrada principal de Fátima".
Para mim a Via-Sacra dos Valinhos continua a ser o melhor de Fátima. Lembro-me que, quando era pequeno, era devoção obrigatória da peregrinação da paróquia de Marvila. Muitos autocarros, megafone... uma solenidade; o prior presidia, os leitores liam, os cantores cantavam os cânticos antigos que agora já se não usam, as pessoas muito piedosas e nós, os mais pequenos, sempre uma estação à frente, olhávamos para o quadro e deixávamos no altarzinho de cada estação umas florinhas apanhadas à beira do caminho.
Hoje, adulto, sem companhia, sem leituras e sem cânticos (alguns cantei-os na cabeça), la fui eu percorrer o mesmo caminho. E é uma beleza. Tudo é doce. O caminho bem arranjado, as oliveiras carregadas, as azinheiras a deitarem fora as bolotas, os muros que respeitaram o tronco das árvores, os pássaros a cantar, os campos limpos, o silêncio... até os quadros da Carvalheira, do princípio dos anos 60 são suaves... Ainda por cima com um dia ameno, sem sol mas também sem frio.
Gostei daquele "caminho de paz". Era o que precisava e foi o que me deu.
E quando olhamos para as estações da Via-Sacra e vemos nela as estações da Via-Sacra da nossa vida?

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