Magnificat

Comecei a ler no domingo um comentário ao Magnificat, escrito por Martinho Lutero. Já tinha ouvido rasgados elogios a este comentário como sendo um dos mais belos que se tenha escrito sobre o tema.
Há dois anos comprei uma antologia de textos de Lutero, os mais interessantes e importantes, entre os quais o dito comentário de que vos falo.
O comentário foi escrito pouco tempo depois de Lutero e da sua doutrina terem sido excomungados mas, como ressalva o editor, está escrito com uma grande serenidade e é considerado como "uma ilha entre o mar dos escritos de Lutero".
Vale a pena ler uma biografia de Lutero, nem que seja das da net ou então, em tempo de férias, ver o filme que leva o seu nome como título que se pode ver em doze partes no Youtube (como em quase tudo desta época os dominicanos não estão no seu melhor...).
Porque percebemos, de certa maneira, como a Igreja estava de excessos naquele século XVI e como, aos poucos, se verifica que Lutero tinha alguma razão nas suas atitudes e nos seus escritos. Basta reparar que Lutero é o primeiro tradutor da Bíblia para uma língua comum. Até então a Bíblia lia-se, ouvia-se e estudava-se ou em grego ou em latim. Lutero percebeu no século XVI que a Palavra de Deus deveria estar próxima do povo; a Igreja Católica fê-lo há quarenta e cinco anos atrás...
Eu sei que há outras questões mais graves que não são fáceis de resolver e sei que, com o tempo, o fosso entre católicos e protestantes foi-se cavando e que hoje ainda é fundo. Sei que Lutero despertou para a verdade da Palavra de Deus mas teve também certos extremismos que ultrapassam qualquer bom senso (escritos anti-semitas, ou a redução de tudo o que era ritual, por exemplo).
Mas, entre isto tudo, está este pequeno comentário que me tem vindo a agradar pelo que de bonito tem, criticando o excesso em relação a Nossa Senhora e valorizando o que de mais puro e autêntico tem Maria na história de Cristo e na história da Igreja.

(imagem: Cranach, Novo Testamento em alemão traduzido por Lutero, 1522)

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