Pedras no caminho
Há uma meditação que me acompanha em momentos mais desagradáveis: "em tudo a paz de coração, a alegria serena. Muito tempo antes de Cristo, um crente rezava assim: «Só em Deus descansa a minha alma; dele vem a minha salvação. Só Ele é o meu refúgio e a minha salvação,
a minha fortaleza: jamais serei abalado». E no Evangelho, Cristo volta a dizer-nos: «Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou. Não se perturbe o vosso coração nem se acobarde»".
São palavras como estas que nos ajudam a mergulhar nas ondas violentas do mal, para que não rebentem na nossa cara e nos atirem para o chão, ou a tentar andar num caminho pedregoso. às tantas parecem aqueles jogos de violência onde se não se mata é-se morto.
O Evangelho diz-nos que não. Diz-nos que as pessoas e os acontecimentos adversos, que por vezes, nos são arremessados como vinganças ou pura maldade.
A paz do coração e a alegria serena... a que Deus nos dá e nada nem ninguém nos poderá tirar. Com Deus e com quem caminha connosco. Aí as ondas são desafios e, afinal, as pedras fazem uma boa paisagem.
Aqui fica um poema de Fernando Pessoa, sobre o que fazer com as pedras que encontramos no caminho:
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes
mas não esqueço de que minha vida
é a maior empresa do mundo...
e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…"