Os estudantes II (elogio merecido)

Todos os dias desperto às cinco da manhã com cerca de 60 estudantes dominicanos do Vietnam a cantar as Laudes e a celebrar a Missa. É assim porque são eles os que garantem o funcionamento do Capítulo. Têm que rezar antes de nós porque enquanto rezamos já estão a fazer funcionar o Capítulo. Vemo-los por todos os lados, com uma jaqueta branca e preta, tipo uniforme, com o escudo do Capítulo.
Estão, como digo, em todos os detalhes do Capítulo e garantem tudo o que é preciso, sempre com um sorriso nos lábios, num esforço incansável em responder aos nossos pedidos e em falar nas nossas línguas ou, pelo menos, fazerem-se entender. Estão no acolhimento, a preparar a liturgia, no secretariado, a lavar a nossa roupa!, a preparar refeições... com humildade e, repito, alegria. São homens de serviço alegre e nada tímidos (embora tenhamos de ser nós a começar a conversa).
E fazem isto porque o lugar onde estamos, um seminário diocesano, ofereceu o lugar mas sem nada, ou seja, só com o espaço e o básico que se necessita.
Gosto de estar com eles. Uns tentam falar em espanhol, outros em inglês, poucos em francês. Um deles, logo no primeiro dia, falava com emoção da alegria que sentia em ver frades de todo o mundo. E, quando posso, meto conversa com eles. Ou sobre liturgia, ou sobre Fátima, ou sobre o próprio Vietnam.
Com o avançar dos dias a relação avança. Pedem fotografias, sentam-se à falar connosco nos intervalos, já se metem comigo e ensinam-me o vietnamita que, infelizmente, não dura mais que uma repetição. No outro dia um pediu-me que o ajudasse com o espanhol, noutro um ofereceu-se para ir mostrar-me o mercado local... integram-nos nos desportos... uma alegria e uma juventude que parece aquelas brisas suaves em dias abafados de verão.
Têm quase sempre dois nomes: o nativo (que tem sempre uma ligação com a natureza) e o “cristão”, ou seja, europeu. Os Josés superabundam, depois temos Domingos, Antónios, Franciscos... como se metem comigo por causa da liturgia, nomeio-os em latim e riem-se. Tratam-nos por padres e eu sempre por irmãos.
Sem eles não teria sido possível este Capítulo é, por isso, tudo lhes devemos. Ainda vamos a meio e já estou com saudades deles... hoi sai oi (ó meu Deus)!

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