Um mundo, uma Família, uma Missão - 1

Foi com este tema que fomos hoje recebidos num convento de irmãs Dominicanas a cerca de 70 quilómetros do sítio onde estamos. O motivo da ida foi o encontro com a Família Dominicana desta região, ou seja, frades, monjas, irmãs de várias Congregações e leigos.
Saímos cedo porque pelas 9 horas começaria o encontro com três partes: um espectáculo alusivo ao tema, e Eucaristia com um bispo vietnamita, dominicano, e depois um almoço, preparado pelas várias congregações, com as várias especialidades.
Fomos recebidos com tambores, que é uma coisa habitual no Vietname em grandes recepções. Depois encaminharam-nos para o salão, onde assistimos a uma performance absolutamente maravilhosa. Posso dizer que, desde que estou na Ordem, nunca vi um espectáculo desta categoria, com a intervenção de mais de 200 pessoas e foi uma irmã que deu corpo e alma a tudo isto. Som, imagem, representação, música... criativo e emocionante.
Depois de mais de uma hora de espectáculo, tempo para nos prepararmos para a Eucaristia, em vietnamita, com a beleza dos cânticos e as belíssimas vozes, que se juntaram para este encontro. E, depois, o almoço. Cada barraquinha, assessorada por um grupo de irmãs ou leigos, ofereciam-nos a sua especialidade, desde as saladas às frutas. Trabalho, dedicação, alegria... comentávamos vários frades, o tempo que terão gastado com tudo isto. Durante o almoço fui apresentado aos postulantes, noviços e outros estudantes que estavam por lá. Fotografias, selfies... muita alegria, comos e nos conhecêssemos de sempre e há muito que não nos víamos.
No final do almoço regressámos a casa.
Voltando ao espectáculo, tudo isto foi preparado, como disse, por uma irmã dominicana. Vale a pena registar o roteiro que acompanhou toda esta performance. Foi lido em vietnamita mas tinha tradução nas três línguas.
Para os que tiverem paciência, deixo já hoje a primeira parte, que mostrou a cultura vietnamita:
"A imagem dos campos de arroz, os bambus, o chapéu cónico de folha de palmeira «Bai Tho» e o «Ao Dai», um traje tradicional das mulheres vietnamitas, é muito familiar para o povo vietnamita, na poesia, música, arte, cinema e também nos seus corações. Aparte disto, os tambores tradicionais são eco do magnífico espírito dos heróis e o povo do Vietname com emoções que expressam o seu patriotismo de geração em geração.
Convidamo-vos a desfrutar e a acolher os bailarinos e intérpretes da primeira parte da representação, intitulada «A cultura vietnamita através dos séculos».
Em todos os povos do norte ouve-se habitualmente o som da flauta de bambu, e normalmente é acompanhada  da imagem dos cometas de arroz no campo. Mesmo quando as pessoas passam pelos campos de arroz no sudoeste do Vietname durante o verão, a recordação da infância acompanha habitualmente as canções das mães quando vêm os bambus verdes dobrarem-se com o vento.
Os bambus foram o símbolo da resistência característica do povo vietnamita, que expressa o desejo do povo vietnamita de alcançar o horizonte de paz e de amor nas aldeias. Nas tempestades, os bambus protegem as aldeias, apoiando-se uns nos outros para se manterem firmes. As pessoas procuram-nos para se protegerem dos rigores do sol.
Os bambus não crescem separados mas juntos, e são o símbolo da unidade da comunidade vietamita. As suas raízes enterram-se profundamente na terra, resistem o tempo e vivem em lugares e climas diferentes. O bambu simboliza o povo vietnamita que sofre penúrias, e mstra trabalho e diligência, agarrado à terra onde nasceu e cresceu.
A língua e a escritura das cartas reflectem as  características da cultura. Em especial, o nosso anterior Mestre da Ordem, frei Bruno Cadoré, afirmou que o vietnamita é a cultura onde se encontram a Ásia e a Europa, o que fez do vietnamita especial e único. Disse: «Todos sabemos que a escrita vietnamita unifica-se em caracteres latinos de uma maneira muito especial graças aos esforços e aos trabalho dos missionários. Na nossa língua actual, o vietnamita é o resultado de uma mistura cultural que não se identifica com nenhuma das duas culturas originais. No entanto, é um sistema de letras particular e unificado».
Desde a antiguidade, os campos de arroz estiveram sempre ligados às pessoas e povos do Vietname. Os campos de arroz formaram sempre parte dos agricultores, com também as fortalezas de bambu. O arroz é semeado com o amor e o sacrifício das pessoas, por isso é saboroso e delicioso.
Os tambores recordam-nos o magnifico espírito do povo vietnamita que une as pessoas e os convidados quando se reúnem. Os tambores convidam as pessoas a partilharem a alegria nas festas. As mesmas batidas do tambor são usados pela Família Dominicana vietnamita para as boas-vindas do recém-eleito Mestre da Ordem dos Pregadores, aos Capitulares e a todos os irmãos e irmãs dominicanas de todo o mundo, que estão presentes hoje aqui no Vietname.
Um olhar retrospectivo agradecido às pegadas históricas da nossa Ordem, dando-nos conta dos desafios de hoje e avançando juntos com valentia e coragem, continuando e mantendo as heranças dos nossos pais. Passamos então à segunda parte que se chama: Seguindo os passos dos nossos pais e irmãos mais velhos". (continua...)

Mensagens populares deste blogue

Oração para o início de um retiro

Regina Sacratissimi Rosarii, ora pro nobis

Degenerar com dignidade