Construção de Deus
Chamou-me à atenção um artigo com o título "Dieu, c'est Moi". Dá conta de um estudo que psicólogos americanos fizeram a crentes sobre estas perguntas: "O que é que Deus pensa do aborto? Do casamento homossexual? Da pena de morte? Do Cannabis?" Primeira conclusão, a mais simples: pessoas mais conservadoras dizem que Deus é contra tudo, menos contra a pena de morte, a que Deus seria favorável; e as mais liberais dizem que Deus legalizaria os abortos, os casamentos homossexuais e que aboliria a pena de morte. Mas, mais engraçada e séria é a segunda conclusão deste estudo: os especialistas mediram a actividade cerebral das pessoas interrogadas e constataram que, quando pensam em Deus, é activada a zona cerebral do «pensamento autoreferencial», ou seja, as mesmas zonas que se activam quando falamos de nós, da nossa intimidade... Portanto, "nos crentes, as zonas do cérebro activas quando pensam em Deus e neles são exactamente as mesmas". Terceira conclusão, não sei se dos cientistas se do redactor do artigo, absurda, ma non troppo, e que dá que pensar, diz que "a Bíblia afirma que Deus criou o homem à sua imagem. Hoje, as nerociências levam a crer que é o inverso, e que o homem cria Deus, cada dia, à sua imagem".
Esta conclusão é, para mim, absurda, porque contraria uma verdade existencial humana que é a de que o homem tem, por natureza, uma dimensão religiosa/espiritual. Ao nível da fé acreditamos que Deus criou-nos por amor enquanto que ateus dizem que a religião - e Deus! - é pura invenção humana e um passo mais para concluir que "a religião é o ópio do povo".
Mas se é absurda também dá que pensar. Porque, de facto, por vezes, a nossa concepção de Deus pode não ser a verdadeira. Podemos construir um deus que não é o Deus da Revelação, o Deus de Jesus Cristo. E podemos até correr o risco de dizermos que Deus é uma coisa que, na verdade, pode não ser (o melhor exemplo é o deus dos fanáticos).
As minhas conclusões: (1) não sei se Deus é contra ou a favor disto ou daquilo. Creio num Deus que me liberta e que me ama, apesar dos meus pecados. Creio que Deus não ficará contente com algumas atitudes dos humanos mas também acredito que não se vai irar contra nós. Deus condena o pecado mas ama o pecador (santo Agostinho). (2) fico contente que Deus esteja ligado às zonas do cérebro mais ligadas à minha intimidade e que essas zonas reajam quando falo de mim ou quando falo de Deus. (3) vou estar atento para que não crie em mim um deus diferente do Deus em que acredito.
Esta conclusão é, para mim, absurda, porque contraria uma verdade existencial humana que é a de que o homem tem, por natureza, uma dimensão religiosa/espiritual. Ao nível da fé acreditamos que Deus criou-nos por amor enquanto que ateus dizem que a religião - e Deus! - é pura invenção humana e um passo mais para concluir que "a religião é o ópio do povo".
Mas se é absurda também dá que pensar. Porque, de facto, por vezes, a nossa concepção de Deus pode não ser a verdadeira. Podemos construir um deus que não é o Deus da Revelação, o Deus de Jesus Cristo. E podemos até correr o risco de dizermos que Deus é uma coisa que, na verdade, pode não ser (o melhor exemplo é o deus dos fanáticos).
As minhas conclusões: (1) não sei se Deus é contra ou a favor disto ou daquilo. Creio num Deus que me liberta e que me ama, apesar dos meus pecados. Creio que Deus não ficará contente com algumas atitudes dos humanos mas também acredito que não se vai irar contra nós. Deus condena o pecado mas ama o pecador (santo Agostinho). (2) fico contente que Deus esteja ligado às zonas do cérebro mais ligadas à minha intimidade e que essas zonas reajam quando falo de mim ou quando falo de Deus. (3) vou estar atento para que não crie em mim um deus diferente do Deus em que acredito.