Ajuda no Haiti



Vamos assistindo, um pouco por todos os lados, não só à tragédia do Haiti, mas também à grande onda de solidariedade, sobretudo de organizações humanitárias. Nestas alturas as ajudas monetárias são essenciais para um país que vive o caos do depois-terramoto. Mas há também a ajuda presencial de voluntários que querem ajudar aquela gente recomeçar quase do nada.
Graças à 'aldeia global' vamos tomando conhecimento do que por se lá vive. É preciso solidariedade. Monetária, como dizia, mas também espiritual. Não nos pode ser indiferente, não podemos ser espectadores do que acontece com os outros humanos, nossos irmãos, habitantes do mesmo mundo e que agora passam um mau bocado.
Comprei, hoje, um livro de poesias de A. M. Pires Cabral. Como acontece frequentemente comigo, estas aquisições nascem do abrir o livro ao acaso e ficar preso a um parágrafo ou a um poema. Neste livro houve um poema que me prendeu e que o escrevo aqui, como solidariedade espiritual com todos os que estão, nestes dias, como bons-samaritanos, a ajudar quem precisa. A poesia chama-se "Deus acocorado":

Bem sei que já não vem longe o dia
em que, por mais que force a mecânica dos ossos,
não conseguirei apertar os meus próprios sapatos.

Então alguém terá de fazer isso por mim,
e para tanto terá de acocorar-se,
renunciando à atitude erecta
que lhe pertence por direito de conquista.

E, de pura gratidão, nessa pessoa
acocorada e útil
facilmente verei as proporções de deus.


(a fotografia é da estátua intitulada "Le bon samaritain", que está no Jardin des Tuileries, em Paris)

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