O arco-íris


Foi Deus quem criou o arco-íris. Pelo menos é assim que conta o livro bíblico das origens (Génesis). Talvez para justificar este fenómeno natural que, para mim, é uma prenda que a Natureza tão raramente nos oferece, o autor fala dele, pela primeira vez, depois do dilúvio, dando voz a Deus que o cria e que o explica: «Vou estabelecer a minha aliança convosco, com a vossa descendência futura e com os demais seres vivos que vos rodeiam: as aves, os animais domésticos, todos os animais selvagens que estão convosco, todos aqueles que saíram da arca. Estabeleço convosco esta aliança: não mais criatura alguma será exterminada pelas águas do dilúvio e não haverá jamais outro dilúvio para destruir a Terra.» E Deus acrescentou: «Este é o sinal da aliança que faço convosco, com todos os seres vivos que vos rodeiam e com as demais gerações futuras: coloquei o meu arco nas nuvens, para que seja o sinal da aliança entre mim e a Terra. Quando cobrir a Terra de nuvens e aparecer o arco nas nuvens, recordar-me-ei da aliança que firmei convosco e com todos os seres vivos da Terra, e as águas do dilúvio não voltarão mais a destruir todas as criaturas. Estando o arco nas nuvens, Eu, ao vê-lo, recordar-me-ei da aliança perpétua concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na Terra.» Dirigindo-se a Noé, Deus disse: «Esse é o sinal da aliança que estabeleci entre mim e todas as criaturas existentes na Terra.»
É, portanto, um arco de protecção e de aliança.
Vem hoje a este espaço o arco-íris, porque tem aparecido algumas vezes nestes dias de chuva e vento. Recordo alguns que foram para mim especiais, mas sobretudo o que vi no passado dia 31 de Dezembro, à saída da igreja de São Domingos. Era nítido, forte e amplo. Via-se o princípio e o fim, com um céu muito carregado por detrás e com a colina da Pena a fazer de suporte. Várias pessoas que estavam naquela rua o contemplaram. O arco-íris é para se contemplar. Quando o vejo, denuncio-o: olha um arco-íris!
Gostava de entrar num arco-íris. Para ver o que seria ser inundado por aquelas cores e por aquela força. Parece aquela porta em que apetece passar para ver o para-além das cores.
Esta manhã, na leitura do coro, ouvimos uma passagem do livro de Ben-Sirá em que se falava da beleza do firmamento. E último parágrafo foi exactamente sobre o arco-íris (o que me levou a escrever sobre este tema). Dizia assim: «Contempla o arco-íris e bendiz aquele que o fez; é muito belo no seu resplendor. Ele cerca o céu com um círculo de glória; são as mãos do Altíssimo que o estendem».
Duas horas depois, quando vinha da rua, olhei para o céu e ele lá estava, para os lados de Benfica. Graças a Deus que ainda temos um arco colorido para nos proteger e que, ao mesmo tempo, embeleza o escuro do céu nestes dias de inverno.

(esta fotografia tirei-a da net. Há dois anos, do alto da serra da Gralheira, vi um grande arco-íris que pousava entre dois montes de Cinfães, com um rio a separá-los. Era espantoso porque não era preciso olhar para o céu: ele estava abaixo de nós. Tirei uma fotografia, tenho a certeza que a tenho, mas não a encontro)

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