Contemplativas no mundo

Estive hoje em Fátima, na casa das Irmãzinhas de Jesus de Carlos de Foucauld. A última vez que lá tinha estado, lembrou-me uma irmãzinha, foi há quatro anos. E são um encanto. Vivem num grande sossego - são contemplativas - mas inseridas no mundo; definem-se mesmo como "contemplativas no mundo". Mas não são monjas. Elas levam Deus ao mundo e o mundo a Deus. Vivem pobremente - muito pobremente - rezam e trabalham. A sua fundadora, nómada de Deus, deixou-lhes a espiritualidade: "O Evangelho vivido, a pobreza total e, sobretudo, o amor". Têm como modelo o presépio de Belém - e fazem os mais simples e os mais belos presépios - porque ali imitam Jesus na humildade e sentem o que é exclusão, porque elas, por opção, vivem com os excluídos para aí, como o fermento na massa, viverem com os excluídos, os caminhos do Evangelho que liberta. Vivem, mostram e tentam imitar o Amor de Deus. Por todos os lados da casa se vê o coração com uma cruz. Assim escrevia Carlos de Foucauld, com quem Madalena Hutin se identificou ao ler a sua vida: "A imitação é inseparável do amor… Eu perdi o meu coração por aquele Jesus de Nazaré crucificado há mil e novecentos anos e passo a minha vida a procurar imitá-lo, na medida em que a minha debilidade o permite". Não posso escrever muito mais sobre ele. Sei que, em Paris, quando visitei a Igreja de Santo Agostinho, havia lá uma capela dedicada a este beato. Porque foi lá que ele se converteu, aos 28 anos, quando regressava de Marrocos. Anos mais tarde escrevia assim sobre este momento: "Logo que compreendi que Deus existe, compreendi que nada mais podia fazer que viver para Ele: a minha vocação religiosa nasceu ao mesmo tempo que a minha fé; Deus é tão grande! E entre Deus e tudo aquilo que não é Deus há uma diferença tão grande!".



Voltando à minha ida a casa das irmãzinhas (é assim que elas se tratam e gostam que as tratemos), fui lá para lhes encomendar um presépio. Um casal que casei há pouco mais de um mês, e com quem estive na quinta-feira, ofereceu-me um menino Jesus feito por elas. Tinha sido a lembrança do casamento. Agora só faltavam os pais. E lá falei com a irmãzinha Maria do Céu, que já recuperou da perna partida que a impedia de fazer as peças, e que tinha lá um que me podia vender. E assim fiquei com um pequeno presépio para me lembrar, eu também, que tenho de ser mais humilde e que sou chamado a viver e a imitar o amor que Deus nos tem.

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