A estrela


Já se avistam os três Magos que, naquela noite, viram uma estrela a brilhar mais forte. São três mas a comitiva é mais do triplo. Uns vão à frente para preparar as pausas para alimentação e descanso, outros vão atrás com os animais mais cansados e que andam mais devagar. No meio lá vão eles, olhando para o céu, a ver se encontram a estrela que perderam. Não estão perdidos; não conseguem é ver a estrela. Dirigem-se para Jerusalém, talvez tenha sido lá que nasceu o ilustre menino. Sem saber, estão a cumprir as profecias de Isaías: "Levanta-te Jerusalém, olha ao teu redor, todos se reúnem e vêm ao teu encontro".

Mal entram na cidade são logo reparados: deve ser gente rica, pensam os habitantes da cidade; e importante. Que grande comitiva! Devem ir visitar Herodes.

Na verdade perguntavam pelo palácio do rei, não para o verem mas para verem o tal menino que os levou até ali. Herodes fica surpreso; uns Magos? Da Arábia? Adorar o Rei dos Judeus que nasceu? Não é possível!

Além da estranheza dos magos na cidade agora começa o alvoroço: nasceu um Menino que é o filho do Rei? Os mais velhos lembram-se das profecias sobre este Menino mas não é em Jerusalém que deve nascer; o nosso Messias vai nascer em Belém, a terra do grande Rei David.

Os magos contam vezes sem fim a mesma história: vimos numa noite uma estrela mais brilhante que as outras. Pelos nossos estudos e tradições esta estrela diz-nos que nasceu um Infante poderoso. Pusemo-nos a caminho e, ao olhar para o céu reparámos que a estrela também se movia, vinha à nossa frente. Achámos estranho mas o certo é que esteve sempre connosco até que passámos as montanhas de Damasco e perdemo-la.

Herodes revolvia-se na sua cadeira a ouvir este relato. Que provocação! Que loucura! Não podia ser! Ele era o Rei e, que soubesse, não tinha nenhum filho para nascer. Que confusão. Como se não bastasse vêm ainda dizer-me que há profecias por cumprir! É de loucos!

Os Magos ouviram falar de Belém. Talvez seja lá a nossa meta. Despedem-se de Herodes que lhes pede que o avise sobre o tal Menino.

E lá vão os três magos, à procura de Belém com o seu Menino. Não querem ficar no palácio de Herodes. Não era pessoa simpática. Vamos pernoitar fora da cidade. E o grupo da frente adianta o passo para montar as tendas. E enquanto jantam, conversando sobre tudo o que viajaram e o que viram em Jerusalém, Melchior, o mais novo, abre a carta dos astros para tentar perceber por onde andará a sua estrela. Actualizados os cálculos e olhando para o céu, é Gaspar, o mais velho, que encontra a estrela. Lá está ela! E voltou o ânimo e a esperança e a alegria. Baltasar propõe retomar de imediato o caminho. Não vamos nós perder outra vez a estrela, comentou.

E puseram-se a caminho. Belém fica perto de Jerusalém. Chegaram de madrugada. Já José estava levantado, e vinha da fonte quando repara na comitiva. Devem andar perdidos, pensou. Mas que estranho. Ainda não era dia e havia uma luz fortíssima no céu. E mais estranho foi ver que essa luz vinha de uma estrela que estava plantada por cima da casa que uma família lhes alugou. E estes homens dirigiam-se para sua casa! Apressou o passo e chegou antes que eles. Maria estava a vestir mo Menino. Mal teve tempo de lhe se aperceber do que José lhe tinha para dizer. Não bateram à porta porque José não a tinha fechado. Deram os bons dias e pediram para entrar. E quando viram o Menino pararam e ajoelharam. José e Maria não estavam a perceber nada; o Menino Jesus olhava sério para estas figuras estranhas. Passado algum tempo apresentaram-se: Somos Gaspar, Baltazar e Melchior. Somos Magos, viemos da Arábia porque uma estrela brilhou mais forte no firmamento, numa noite de Dezembro. Quando nasceu o Menino?, perguntou. Respondeu Maria: Numa noite de Dezembro. Então Gaspar levantou-se e aproximou-se do Menino. Pegou numa arca de ouro e disse a Maria: ofereço a este Menino ouro, porque ele é o meu Rei. José estava perplexo. Aproximou-se Baltazar e, repentindo o mesmo ritual, abriu uma naveta cheia de incenso e disse a Maria: ofereço ao Menino este Incenso, porque ele é Deus. Finalmente aproximou-se Melchior. Também ele ajoelhou. Abriu um frasco de mirra, que logo espalhou o seu suave odor pela casa, e disse a Maria: ofereço a este Menino este frasco de mirra porque este Deus se fez Homem como nós.

E foram-se embora. A estrela ali ficou até desaparecer com a manhã; tinha cumprido a sua missão. Os magos regressaram à Arábia. José e Maria iam guardando todas estas coisas no seu coração.

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