Mãe é mãe


Foi ontem a enterrar a mãe de um frade dominicano. Se normalmente nunca há motivo para a morte, dói quando nos morre a mãe. Não sei o que é, mas sei que se sofre. Porque foi ela que nos acolheu no seu seio, foi ela que nos amou mais do que ninguém, foi ela que cuidou estremosamente de nós, é ela que nos liga às nossas origens. A nossa mãe está ainda antes de nós. Quando se perde o pai a mãe torna-se a nossa preocupação. A minha mãe é a minha preocupação. Mesmo se exteriormente não manifesto.

As mães não deviam morrer. Pode parecer egoísmo mas é verdade. Seriamos tão mais felizes em saber que aquele regaço está sempre pronto para nos acolher, e que mesmo que estejamos num sofrimento único sabemos que ela lá está... a sofrer tanto ou mais do que nós. Carlos Drumond de Andrade escreveu num poema que "Mãe não morre nunca / Mãe ficará sempre / junto de seu filho / e ele, velho embora, / será pequenino / feito grão de milho".

Todos devemos muito ao nosso pai. Mas, por mim falo, devemos muito mais à nossa mãe. E os pais compreendem o porquê.

Para os que temos fé, remetemos para Deus a origem e o fim das coisas. Sabemos que a morte não é o fim porque houve um Homem, o Filho de Deus, que quebrou as cadeias desta prisão e ultrapassou a última barreira da nossa existência.

Deixo-vos uma citação, da paixão segundo são João, que este meu confrade leu: "Na sua última hora ele tomou conta de tudo / Ele não se esqueceu da sua mãe, e entregou-a ao seu amigo para a proteger. / Sê justo, ó homem, e ama a Deus e aos homens. / Depois morre feliz, e não te entristeças".

Se tiverem curiosidade em ouvir o coral, carreguem aqui.

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