Regina Sacratissimi Rosarii, ora pro nobis

Rainha do Sacratíssimo Rosário, rogai por nós. Não sei se, quando foram a Fátima, repararam que, no arco principal da Basílica, perto do altar, está gravada esta invocação. Porque Nossa Senhora, em Outubro revelou aos pastorinhos (a Lúcia) o que queria e quem era: "Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas". Mas não é daqui que vem a tradicional associação do mês de Outubro ser o mês do Rosário. Vem do século XVI, mais precisamente d0 ano de 1571. O papa São Pio V, dominicano, vence uma batalha no Lepanto e atribui essa vitória a Nossa Senhora do Rosário e institui a sua festa no dia da vitória, que hoje calha.

Esta invocação desde sempre esteve ligada a São Domingos. Uma tradição oral e artística (não histórica) do século XV, diz que Nossa Senhora, no ano de 1208, apareceu a São Domingos e deu-lhe o rosário. É daí que aparece o rosário no hábito dominicano. Historicamente sabe-se que a origem do rosário, tal como o temos hoje, é bastante posterior. Deve-se a sua invenção, divulgação e atribuição a São Domingos a um outro dominicano, Alain de la Roche, que, por humildade "inventou" esta aparição de Nossa Senhora a São Domingos. De qualquer forma, o Rosário nasce para ajudar os fiéis; é chamado muitas vezes a bíblia dos pobres. Nesta oração, simples e humilde, lembramos os mistérios da vida de Cristo (gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos), enquanto rezamos as 150 avé-marias (número igual ao dos salmos). E assim, quando se ia à igreja e aos mosteiros ouvir os frades rezar os ofícios, todos os dias se rezavam os 150 salmos, os fiéis rezavam as suas 150 avé-marias.

Neste dia deixo-vos um poema, também do século do Rosário, escrito por Afonso Álvares (1591) à Virgem Graciosa:



Avè, Virgem graciosa,
Que concebestes Jesus,
Madre de Deus gloriosa,
Mais clara estrela que a Luz,
Colorada mais que rosa,
Mais que lírio branco ornada,
Pois que em perfeição, Senhora,
Dos Santos todos honrada,
Que fostes merecedora
De ser no Céu coroada,
Dos cativos redentora,
Madre de consolação,
Fonte de todo perdão,
Em quem minha alma adora
Com mui limpo coração;
Rogo-vos, Santa Rainha,
Mezinha dos pecadores,
Perdão dos nossos errores,
Que sejais minha mezinha,
Pois que de tantos primores,
Da dor de todo o perdão,
Eu humildemente rogo
Que quem tiver devoção
Em mi, não lhe impeça fogo
Do inferno, nem trovão,
Por vossa santa Paixão
Que ouçais os meus clamores;
Mandai-me consolação
Pois sois glória e salvação
De todos os pecadores.

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